Hino da Independência - Foto

Hino da Independência – Análise

Você sabia que há uma música criada em homenagem ao Dia da Independência? Todo dia 07 de setembro é comemorado o dia da Independência do Brasil. Para comemorar a libertação do domínio de Portugal, foi criado um hino comemorativo para essa data. O Hino da Independência traz muitas palavras pouco usadas hoje e tem uma organização semelhante à do Hino Nacional. Vamos falar um pouco sobre a letra e algumas curiosidades dessa música pouco conhecida.

No dia 07 de setembro de 1822, o príncipe D. Pedro IV estava voltando de uma viagem feita a São Paulo após receber uma carta de sua esposa, Carolina Josefa Leopoldina Fernanda Francisca, informando o que estava acontecendo no Rio de Janeiro. Diz a tradição que ele e seus companheiros sacaram suas espadas e D. Pedro proclamou a independência do Brasil às margens do rio Ipiranga. Assim, ele passou a ser Dom Pedro I, no Brasil, o Imperador do Brasil.

Para comemorar esse evento de extrema importância, foi criado o Hino da Independência. A letra foi composta pelo poeta, jornalista, político e livreiro brasileiro, Evaristo da Veiga. Seguindo o estilo árcade, o hino da independência pretende engrandecer elementos específicos: o Brasil e os brasileiros.

No artigo sobre o sufixo eiro, eu disse que este pode caracterizar agentes com pouco prestígio na sociedade. A palavra brasileiro caracterizava aquele que carregava o pau-brasil. Com o aumento do povoamento e com o crescimento do sentimento nacionalista, os nascidos no Brasil passaram a acolher o termo brasileiro com orgulho. Esse orgulho se reflete em diversas passagens do hino: “Brava gente brasileira!”, “Parabéns, ó brasileiro,”.

As partes do Hino da Independência

Vamos tratar apenas da letra, os aspectos musicais, partituras e afins não serão discutidos aqui. O poema, podemos dizer assim, é composto por quatro estrofes com quatro versos cada, intercalados por um estribilho (refrão). O primeiro e o segundo versos de cada estrofe são considerados soltos, pois não há rima entre eles. Os versos segundo e quarto são rimas agudas, isto é, rimam a última sílaba da palavra; a palavra “Brasil” sempre termina as estrofes.

Refrão

“Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.”

Há uma saudação aos brasileiros, desejando que a servidão não mais retorne. Claro que estamos falando da servidão à Coroa portuguesa, nessa ocasião ainda não se cogita a abolição da escravatura. Esse refrão intercala todas as estrofes, seguindo a mesma métrica e rima. Termina com um período composto alternativo “Ou ficar a pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil.” Não há outra opção, é “independência ou morte”.

Primeira Estrofe

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

O começo informa aos brasileiros que estamos livres e que a “mãe gentil” se alegra com tal situação. O sentimento nacionalista é muito presente, evidenciado pelos termos “Pátria”, “mãe gentil” e “Brasil”. Os dois primeiros versos dessa estrofe podem ser reorganizados da seguinte forma: “Filhos da Pátria, já podeis ver a mãe gentil contente”. A liberdade é aqui comparada ao Sol, raiando no horizonte das terras brasileiras no dia 7 de setembro.

Segunda Estrofe

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil…
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.”

Na segunda estrofe, temos um ataque direto à dominação portuguesa, “os grilhões”. Note-se que são utilizadas as palavras “perfídia” (deslealdade, falsidade, traição, etc.) e “ardil” (artimanha, astúcia, cilada, armadilha). Nos dois versos finais, a soberania brasileira é enaltecida. Por ser uma nação mais poderosa, permitiu-se zombar “deles”, dos portugueses.

Hino da Independência – Terceira Estrofe

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

As “ímpias falanges” são as tropas inimigas que estão prestes a enfrentar as forças brasileiras, mas o moral dos nossos guerreiros não deve ser abatido, pois “Vossos peitos, vossos braços/ São muralhas do Brasil”. A figura da muralha evoca proteção, mas uma proteção passiva, que resiste às investidas inimigas.

Quarta Estrofe

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

O poema termina com um gracejo. Nos versos anteriores, os termos “da Pátria filhos” e “Brava gente brasileira” são sinônimos, agora convergidos no vocativo “ó brasileiro”. A elegância do Brasil supera a de todas as outras nações. Repare nos versos “Do universo entre as nações/ Resplandece a do Brasil”, a omissão pode confundir um desavisado. Não há nenhuma palavra feminina. Essa anáfora indireta se refere à grandeza deste país, que supera a de todas as outras nações, inclusive a de Portugal.

São 199 anos de história. O hino da independência, assim como o da bandeira, não é tão famoso, mas é muito bonito.

Ver também

Análise do Hino Nacional Brasileiro

Proclamação da República Federativa do Brasil

Hino da Independência – Letra completa

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil…
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

3 comentários em “Hino da Independência – Análise

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