Gerúndio

Modo Gerúndio – Verbo

Esse é o modo verbal que mais evidencia a nacionalidade de um falante de língua portuguesa. Não é como se portugueses, angolanos e moçambicanos, por exemplo, não utilizassem o Gerúndio, mas a maneira como os brasileiros recorrem a esse modo é muito característico. Isso faz com que essa forma seja exclusiva do Brasil? Claro que não! Vamos ver como empregar esse modo verbal e as formas de evitar o “gerundismo”.

O que é o Gerúndio?

Morfologicamente, o Gerúndio é aquele verbo que termina com -ando, -endo e -indo, por exemplo:

  • Cantar: Cantando; Fazer: Fazendo; Partir: Partindo.
  • Andar: Andando; Comer: Comendo; Sair: Saindo.
  • Falar: Falando; Trazer: Trazendo; Cair: Caindo.
  • Chegar: Chegando; Torcer: Torcendo; Carpir: Carpindo.

Para os verbos de Primeira conjugação, utiliza-se a desinência -ando: Cantar: Cantando; Andar: Andando; Falar: Falando; Chegar: Chegando etc.

Para os verbos de Segunda conjugação, utilizamos a desinência -endo: Fazer: Fazendo; Comer: Comendo; Trazer: Trazendo; Torcer: Torcendo etc.

Para os verbos de Terceira conjugação, utilizamos a desinência -indo: Partir: Partindo; Sair: Saindo; Cair: Caindo; Carpir: Carpindo.

Interessante notar que o verbo Pôr, e seus derivados, têm a forma de Gerúndio terminada em -ondo:

  • Pôr: Pondo; Compor: Compondo; Interpor: Interpondo; Propor: Propondo…

Principais Usos

Podemos dizer que ele é a versão verbal do Advérbio. Com ele expressamos circunstâncias de lugar, tempo, modo, condição, etc. A gramática clássica o incluía nas denominadas Formas Infinitas. Autores modernos evitam classificá-lo como Modo verbal, em vez disso, chamam de Forma Nominal do Verbo.

Há duas formas de expressar essa ideia, uma mais comum no Brasil e outra mais comum em Portugal.

A forma mais comum no Brasil é a forma simples, obtida por meio do Sufixo “-ndo” ao tema verbal, por exemplo: cantando, varrendo, saindo, pondo. Geralmente essa forma é que denuncia, além do sotaque característico, que determinado falante aprendeu o português brasileiro.

Exemplos:

O Marquês estava cantando enquanto assinava o documento.

Varrendo, o gari limpa a rua.

Eu estava saindo quando ela chegou.

Pondo

A forma utilizada no português europeu é a composta, a preposição “a” + verbo no infinitivo.

Exemplos:

O Marquês estava a cantar enquanto assinava o documento.

A varrer, o gari limpa a rua.

Eu estava a sair quando ela chegou.

A pôr

Principais Problemas

Gerundismo é o uso exaustivo de uma locução verbal composta por verbos no gerúndio. Muitos professores e gramáticos considerada essa construção um vício de linguagem. Essa forma foi estigmatizada graças ao seu emprego por muitos atendentes de telemarketing no final do século XX e início dos anos 2000. É importante deixar claro que, apesar de incômoda, a prática do gerundismo não é incorreta dependendo do contexto.

Dessa maneira, o erro se verifica quando construções como “vou estar viajando” substituem o futuro do presente. Em vez de dizer “Amanhã vou viajar (ou viajarei) para Recife”, as pessoas dizem: “Amanhã vou estar viajando para Recife”.

O gerundismo pode ter tido sua origem em traduções literais do inglês de expressões empregando o futuro contínuo desta língua, sem atenção para a semântica e sintaxe originais e ao fato de que este tempo verbal inglês é construído com o particípio presente, uma das formas infinitivas do verbo, que muitas vezes deve ser traduzido para o infinitivo português e não para o seu gerúndio:“Walking [particípio presente ou gerúndio] is to live [infinitivo] é corretamente traduzido para “Andar é viver” e não para “Andando é viver”.

No exemplo acima a tradução correta do gerúndio inglês é dada pelo infinitivo português, o mesmo sendo necessário nas traduções do futuro contínuo.

Outra vertente afirma ser mera coincidência que o português e inglês compartilhem da mesma construção como forma válida de expressar o futuro, considerando-a semântica e gramaticalmente correta, uma construção perifrástica cuja finalidade seja exprimir continuidade ou progressividade.

5 comentários em “Modo Gerúndio – Verbo

  1. “Amanhã vou viajar (ou viajarei) para Recife”

    Caro Paulo, bom dia!

    JÁ passou da hora de prestarmos atenção no uso exagerado do verbo “IR”.
    Nada de “vou” viajar, ele “vai” assinar, ” ela “vai” comer pão mais tarde”
    Isto é FUTURO, então, “viajarei”, “assinará” , “comerá”….
    isto se alastrou de certa forma nos telejornais e quetais que tudo leva o “vai” de carona.

    Abraços
    Parabéns pelo maravilhoso trabalho.

    Professor Poeta Sidarta Martins
    SOROCABA SP

    1. Meu caro, muitíssimo obrigado pelo comentário. Concordo contigo, se há formas mais simples de escrever, não faz muito sentido criar estruturas longas demais. Agora, venhamos e convenhamos, “vou estar enviando” é muito feio.

      Um forte abraço!

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