NGB COMENTADA

NGB brevemente comentada

Vamos tratar da Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), que é uma portaria feita para oficializar os termos a serem utilizados pelas gramáticas no Brasil para a descrição dos elementos linguísticos. Esse documento trata única e exclusivamente da nomenclatura adotada no Brasil, alguns pontos são semelhantes à nomenclatura lusitana, porém é um documento que visa exclusivamente o português do Brasil.

Entre os professores e pesquisadores altamente gabaritados que compuseram a equipe, quero dar destaque a três nomes:

  • Antenor de Veras Nascentes (1886 – 1972): Filólogo, Etimólogo, Dialectólogo e Lexicógrafo.
  • Carlos Henrique da Rocha Lima (1915 – 1991): Professor, Gramático, Filólogo, Ensaísta e Linguista.
  • Celso Ferreira da Cunha (1917 – 1989): Professor, Gramático, Filólogo e Ensaísta.

A partir deste ponto, são feitas três abordagens dos elementos que compõem a gramática portuguesa. Essa divisão pretende seguir uma lógica para cada classificação, porém sem nenhuma pretensão de discutir as motivações ou as características específicas de cada elemento descrito.

Fica a cargo dos gramáticos e professores de língua descrever de maneira aprofundada cada elemento prescrito nesse documento. As gramáticas frequentemente lançam mão da estrutura para apresentar os conteúdos detalhadamente. A NGB pode ser confundida com um índice de alguma gramática tradicional. Efetivamente não há uma descrição bem definida para os elementos semânticos, apenas duas linhas finais do “Apêndice” tratam de “Significação das palavras”. Há explicações bastante diferentes quando se comparam duas ou mais gramáticas quanto aos processos semânticos que atuam na frase.

NGB – Fonética e Fonologia

Esta primeira divisão trata apenas da Ortografia, discutindo Fonética e Fonologia. Geralmente esse grupo está na parte inicial da maioria das gramáticas tradicionais, especialmente as produzidas após a segunda metade do século XX. O Novo Acordo Ortográfico atinge diretamente essa parte da NGB. Gramáticas impressas depois de 2009 divergem na descrição dessa parte quando comparadas com gramáticas anteriores a esse ano, pois a acentuação, os sinais gráficos e a pronúncia de determinadas palavras sofreram alterações em 1990.

NGB – Morfologia

Saindo do campo do som, partindo para a escrita e da conformação das palavras, a NGB faz uma apresentação do que deve ser entendido por Morfologia e lista todas as características de todas as Classes de Palavras. Uma divergência, entre tantas outras que podem ser apontadas, é a NGB considerar as interjeições como Classe de Palavras, abordagem frequentemente negada por alguns gramáticos tradicionais.

NGB – Sintaxe

Esse não é o maior dos tópicos da portaria, mas é o que mais sofreu alterações se compararmos as descrições sintáticas anteriores à edição da portaria. Se por um lado ganhamos com a simplificação, inevitavelmente por outro lado, perdemos as nuances exprimidas por cada nomenclatura abolida. Acredito que mais ganhamos do que perdemos.

NGB – O Resto

Numa tentativa de explorar assuntos que não podiam ser encaixados diretamente na divisão citada, algumas nomenclaturas aparecem neste apêndice por terem sido consideradas relevantes. Coube à parte do apêndice a listagem de figuras de sintaxe, como anacoluto, elipse, pleonasmo, além dos processos que envolvem a gramática histórica, como aférese, metáfase, epêntese, haplologia e questões de ortografia, como abreviatura, dígrafo etc.

A pontuação, a utilização de aspas, asterisco, cedilha e vírgula, estranhamente estão ao lado da significação das palavras, como antônimo, homônimos e vícios de linguagem, como barbarismos e cacofonia. Todos esses itens da gramática estranhamente estão sob um mesmo “guarda-chuva”, são objetos de estudo completamente diferentes que caberiam como tópicos particulares, assim como ocorreu com fonologia, morfologia e sintaxe.

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