saudade / Adjunto Adnominal - Foto

Saudade só existe em português?

A palavra saudade é tida como exclusiva da língua portuguesa. No Brasil, todo dia 30/01 é comemorado o Dia da Saudade. Não é um feriado, mas mostra como a cultura brasileira dá valor a essa palavra e a esse sentimento. Mas até que ponto essa palavra é única?

O que é Saudade?

Por definição, saudade é um “Sentimento evocatório, provocado pela lembrança de algo bom vivido ou pela ausência de pessoas queridas ou de coisas estimadas”. Também é comum o seu uso no plural, saudades. Tem sua origem no latim “solitate, -m”. Faz parte de diversas expressões populares, entre elas: “Deixar na saudade” e “Morrer de saudade(s)”.

Em outras línguas

Como é um sentimento, outras línguas expressam essa “falta” de diversas formas linguísticas. Em libras, língua de sinais oficial do Brasil, é feito um sinal circular com o punho fechado e o rosto expressando pesar, veja o vídeo Aqui.

Em inglês, esse sentimento é expresso por meio do verbo “to miss” (faltar/sentir falta). Em alemão, o termo utilizado é “sehnsucht” (ânsia). Nas demais línguas neolatinas, temos: “anhelo” ou “te extraño”, em espanhol; “tu me manques”, em francês; “mi manchi”, em italiano; “dor de tine”, em romeno; “et perdis”, em catalão.

Em hebraico, a palavra equivalente a saudade é “געגועים” (“gagu’im”). E em árabe, a palavra que corresponde a saudade é “حنين” (“hanin”).

Muitas pessoas se gabam de não haver outra palavra com mesmo peso em outros idiomas. Essa noção não é justificável linguisticamente porque cada língua expressa seus sentimentos de maneira única. O que todas parecem ter em comum é o sentimento de perda e solidão. Sentir falta, ter ânsia pela presença de alguém são expressões muito recorrentes.

Como pode ter surgido a palavra Saudade?

Penso que o processo de evolução da palavra “solitate”, desde o latim para o português, pode ter ocorrido da seguinte maneira:

solitatem > solitate > solidade > soidade > soudade > saudade

Como a maioria das palavras latinas vieram pelo caso Acusativo, “solitatem” seria a base a ser utilizada. Queda da nasal e vozeamento dos fonemas /t/, passando a /d/. Queda da lateral /l/ e alteração da vogal anterior /i/ para a posterior /u/, ambas altas. Por alguma convenção ortográfica o “o” passou a ser grafado com “a”, mas ainda há falantes que dizem “sôdade”.

Claro que isso é apenas especulação minha, mas algumas pronúncias possíveis no interior do Brasil são: sardadi, sordadi.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *