Almeida Garrett por Guglielmi

Almeida Garrett – Quem foi?

Conheça a trajetória de João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, um dos mais renomados escritores portugueses do século XIX. Almeida Garrett, como é mais conhecido, nasceu com o nome de João Leitão da Silva no Porto a 4 de fevereiro de 1799, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta de Almeida Leitão.

Passou a sua infância, altura em que alterou o seu nome para João Baptista da Silva Leitão, acrescentando o sobrenome Baptdo Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: “Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia”. Durante a adolescência, Almeida Garrett mudou-se para os Açores, especificamente para a ilha Terceira, em meio à invasão das tropas francesas de Napoleão Bonaparte em Portugal. Lá, sob a orientação de seu tio, D. Alexandre, bispo de Angra, ele encontrou refúgio e educação.

Em 1816, foi para Lisboa e se matriculou no curso de Direito na Universidade de Lisboa. Em 1821 publicou “O Retrato de Vénus”, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também nesse ano que ele e sua família passam a usar o apelido Almeida Garrett.

Concluído o curso, em 1821 (ano em que termina O Retrato de Vénus), vem para Lisboa, onde imediatamente acumula triunfos, no âmbito literário, com a representação de “Catão” (estreado em 29/11/1821), afetivos, com o fulgurante casamento com Luísa Midosi (de quem viria a se separar em 1836), e políticos, inaugurados estes com a oração fúnebre a Manuel Fernandes Tomás.

Exilado como liberal, em 1823, viveu na Inglaterra e na França até 1826. No regresso a Portugal, dirigiu os jornais “O Português” e “O Cronista”, mas foi forçado novamente ao exílio de 1828 a 1832, voltando a Portugal com os Bravos do Mindelo.

De 1833 a 1836, foi nomeado Encarregado de Negócios e Cônsul-Geral na Bélgica. Passos Manuel, na chefia do Governo após a Revolução de Setembro de 1838, encarrega-o da restauração do teatro português, missão que leva a cabo criando, não só o Conservatório de Arte Dramática, mas igualmente a Inspecção-Geral dos Teatros e sobretudo o Teatro Nacional. Foi nomeado Deputado, em 1837, Cronista-Mor, em 1838, e finalmente Par do Reino em 1851.

Em 1852, num Ministério presidido por Saldanha, foi encarregado, por alguns meses, da pasta dos Negócios Estrangeiros. D. Pedro V agraciou-o, em 25 de junho de 1854, meses antes da sua morte, com o título de Visconde de Almeida Garrett.

Essa breve jornada revela não apenas os feitos literários de Almeida Garrett, mas também sua influência política e cultural em Portugal durante o século XIX.

A seguir, veremos as principais obras desse profícuo escritor

Almeida Garrett – Poemas em vida e póstumos

  • Hino Patriótico, poema. Porto, 1820
  • Ao corpo académico, poema. Coimbra 1821
  • Retrato de Vénus, poema Coimbra, 1821
  • Camões, poema. Paris, 1825
  • Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Paris, 1826 (pseud. de F. E.)
  • Adozinda, poema. Londres, 1828
  • Lyrica de João Mínimo. Londres, 1829
  • Miragaia, poesia. Lisboa, 1844 (eBook)
  • Flores sem Fruto, poesia. Lisboa, 1845
  • Os Exilados, À Senhora Rossi Caccia , poesia. Lisboa, 1845
  • Folhas Caídas, poesia. Rio de Janeiro e depois Lisboa,1853
  • Camões, poema. 4ª ed. revista, com estudo de Camilo Castelo Branco. Porto, 1854
  • Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Porto Alegre, 1859
  • Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Nova York, 1860
  • Bastardo do Fidalgo, poema. Porto, 1877
  • Odes Anacreônticas: Ilha Graciosa. Évora, 1903
  • A Anália, poesia inédita de Garrett. Lisboa 1932 (redac., Porto 1819)
  • Magriço ou Os Doze de Inglaterra, poema. Coimbra, 1948
  • Roubo das Sabinas, poemas libertinos I. Lisboa, 1968
  • Afonseida, ou Fundação do Império Lusitano, poema. Lisboa 1985 (pseud.: Josino Duriense, redac., Angra 1815-16)
  • Poesias Dispersas. Lisboa, 1985
  • Magriço e os Doze de Inglaterra, poema incompleto, Lisboa, 1914

Almeida Garrett – Peças teatrais em vida e póstumas

  • Catão, tragédia. Coimbra, 1822
  • Catão, tragédia. Londres, 1830
  • Catão, tragédia. Rio de Janeiro, 1833
  • Mérope, tragédia. Lisboa, 1841
  • O Alfageme de Santarém ou A Espada do Condestável. Lisboa, 1842
  • Um Auto de Gil Vicente. Lisboa, 1842
  • Frei Luís de Sousa, 1843
  • Dona Filipa de Vilhena, comédia. Lisboa, 18465
  • Falar Verdade a Mentir, comédia. Lisboa 1846
  • A Sobrinha do Marquês, 1848
  • Camões do Rossio, comédia. Lisboa, 1852 (co-autoria de Inácio Feijó)
  • Um noivado no Dafundo ou cada terra com seu uso cada roca com seu fuso: provérbio n’um acto. 1ª ed. Lisboa, 1857 (redac., Lisboa, 1847)
  • Átala, drama. Lisboa, 1914 (redac., Coimbra 1817),
  • Lucrécia, tragédia, Lisboa, 1914
  • Afonso de Albuquerque, tragédia; Lisboa, 1914
  • Sofonisba, tragédia; Lisboa, 1914
  • O Amor da Pátria, elogio dramático; Lisboa, 1914
  • La Lezione Agli Amanti, ópera bufa; Lisboa, 1914
  • Conde de Novion, comédia; Lisboa, 1914
  • Édipo em Colona, tragédia. Lisboa, 1952 (redac.: Porto 1820)
  • Ifigénia em Tauride, tragédia. Lisboa, 1952 (redac., Angra do Heroísmo 1816)
  • Falar Verdade a Mentir, comédia. Rio de Janeiro, 1858
  • As Profecias do Bandarra, comédia. Lisboa, 1877 (redac., Lisboa 1845)
  • Os Namorados Extravagantes, drama. Coimbra 1974 (redac., Sintra 1822)
  • Impronto de Sintra, comédia. Lisboa, Guimarães, Libanio, ???? (redac., Sintra, 1822)

Almeida Garrett – Artigos, ensaios, biografias e folhetos em vida e póstumos

  • Proclamações Académicos, Coimbra, 1820, folhetos
  • O Dia Vinte e Quatro de Agosto, ensaio político. Lisboa, 1821, 53 p.
  • Aos Mortos no Campo da Honra de Madrid, folheto. Lisboa, Jornal da Sociedade Literária Patriótica, 1822
  • Da Europa e da América e de Sua Mútua Influência na Causa da Civilização e da Liberdade, ensaio político. Londres 1826
  • Da Educação. Londres, 1829
  • Portugal na Balança da Europa: do que tem sido e do que ora lhe convém ser na nova ordem de coisas do mundo civilizado, Londres, 1830
  • Relatório dos Decretos nº 22, 23 e 24 (Reorganização da Fazenda, Administração Pública e Justiça). Lisboa, 1832, folheto
  • Manifesto das Cortes Constituintes à Nação, folheto. Lisboa, 1837
  • Necrologia do Conselheiro Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato, Lisboa, 1838
  • Relatório ao Projecto de Lei sobre a Propriedade Literária e Artística, Lisboa, 1839
  • Memória Histórica do Conselheiro A. M. L. Vieira de Castro, Lisboa, 1843
  • Conselheiro J. B. de Almeida Garrett, autobiografia. Lisboa, 1844
  • Memória Historica da Duqueza de Palmella: D. Eugénia Francisca Xavier Telles da Gama, Lisboa, 1845
  • Memória Histórica do Conde de Avilez, 1ª ed., Lisboa, 1845
  • Da Poesia Popular em Portugal, ensaio literário. Lisboa, 1846
  • Sermão pregado na dedicação da capela de Nª Srª da Bonança, folheto, Lisboa, 1847
  • A Sobrinha do Marquês, Lisboa, 1848, 176 p.
  • Memória Histórica de J. Xavier Mousinho da Silveira, Lisboa, 1849
  • Necrologia de D.ª Maria Teresa Midosi, Lisboa, 1950
  • Protesto Contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, abaixo-assinado/folheto. Lisboa 1850 (subscrito, à cabeça, por Alexandre Herculano e mais cinquenta personalidades, contra o projecto de «lei das rolhas» apresentado pelo governo)
  • Discursos Parlamentares e Memorias Biographicas, Lisboa, Imprensa Nacional, 1871, 438, p.
  • Necrologia do Sr. Francisco Krus; Monumento ao Duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein, Lisboa, 1899 (redac., Lisboa, 1839);
  • Memórias Biográficas, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1904
  • Necrologia à Morte de D. Leocádia Teresa de Lima e Melo Falcão Vanzeler, Lisboa, 1904 (redac., Lisboa, 1848)
  • Apontamentos Biográficos do Visconde d’Almeida Garrett, autobiografia. Porto, 1916
  • Entremez dos Velhos Namorados que Ficaram Logrados, Bem Logrados, Lisboa, 1954 (redac., 1841)

Almeida Garrett – Romances, cancioneiros e contos em vida e póstumos

  • Bosquejo da História da Poesia e da Língua Portuguesa, Paris, 1826
  • Lealdade, ou a Vitória da Terceira, canção. Londres, 1829
  • Romanceiro e Cancioneiro Geral, vol. I. Lisboa, 1843
  • O Arco de Sant’Ana, romance. Lisboa, na Imprensa Nacional, 1845, vol. 1
  • Viagens na Minha Terra, romance. Lisboa, Typ. Gazeta dos Tribunais, 1846.
  • O Arco de Sant’Ana, romance. Lisboa, na Imprensa Nacional, 1850, vol. 2
  • Romanceiro e Cancioneiro Geral, vols. II e III, Lisboa 1851
  • Helena: fragmento de um romance inédito. Lisboa, 1871
  • Memórias de João Coradinho, aventuras picarescas. Lisboa, 1881 (redac., 1825)
  • Joaninha dos Olhos Verdes. Lisboa, 1941
  • Komurahi – História Brasileira, conto. 1956 (redac., 1825)
  • Cancioneiro de romances, xácaras e soláus e outros vestígios da antiga poesia nacional. Lisboa, 1987 (redac., 1824)

Almeida Garrett – Cartas e diários

  • Carta de Guia para Eleitores, em Que se Trata da Opinião Pública, das Qualidades para Deputado e do Modo de as Conhecer, ensaio político. Lisboa, 1826.
  • Carta de M. Cévola ao futuro editor do primeiro jornal liberal que em português se publicar, panfleto político. Londres, 1830 (pseud.: Múcio Cévola)
  • Carta sobre a origem da língua portuguesa, ensaio literário. Lisboa, 1844
  • Almeida Garrett – Cartas e diários póstumos
  • Diário da minha viagem a Inglaterra, Lisboa 1881 (redac., Birmingham, 1823)
  • Cartas a Agostinho José Freire, Lisboa, 1904, 132 p. (redac., Bruxelas, 1834)
  • Cartas Íntimas, edição revista, coordenada e dirigida por Teófilo Braga. Lisboa, Empresa da História de Portugal, 1904, 172 p.
  • Cartas de Amor à Viscondessa da Luz, Lisboa, 1955
  • Correspondência do Conservatório, Lisboa, 1995 (redac.: Lisboa 1836 – 1841)
  • Cartas de Amor à Viscondessa da Luz

Almeida Garrett – Discursos em vida e póstumos

  • Oração Fúnebre de Manuel Fernandes Tomás, Lisboa, 1822
  • Parnaso Lusitano ou Poesias Selectas de Autores Antigos e Modernos, Paris, 1826-1827, 5 v.
  • Elogio Fúnebre de Carlos Infante de Lacerda, Barão de Sabrozo, Londres, 1830
  • Da formação da segunda Câmara das Côrtes: discursos pronunciados pelo deputado J. B. de Almeida Garrett nas sessões de 9 a 12 de Outubro de 1837, Lisboa, Imprensa Nacional, 1837
  • Discurso do Sr. Deputado pela Terceira J. B. de Almeida Garrett na discussão, Lisboa, 1840
  • Discussão da Resposta ao Discurso da Coroa, pronunciado na sessão de 8 de Fevereiro de 1840, Lisboa, 1840
  • Discurso do Sr. Deputado por Lisboa J. B. de Almeida Garrett, na discussão da Lei da Decima, Lisboa, 1841
  • Elogio Histórico do Sócio Barão da Ribeira de Saborosa, Lisboa, 1843
  • Parecer da Comissão sobre a Unidade Literária, Lisboa, 1846 (dito Parecer sobre a Neutralidade Literária, da Associação Protectora da Imprensa Portuguesa, assinado por Rodrigo da Fonseca Magalhães, Visconde de Juromenha, Alexandre Herculano e João Baptista de Almeida Garrett).
  • Política: reflexões e opúsculos, correspondência diplomática. Lisboa, 1904, 2 v.
  • Participação em publicações periódicas
  • Toucador – Periódico sem política, dedicado às senhoras portuguesas. Lisboa, 1822 (direcção e redacção)
  • Heraclito e Demócrito. Lisboa, 1823
  • Português – Diário político, literário e comercial. Lisboa, 1826 – 1827 (direcção e redacção)
  • Cronista – Semanário de política, literatura, ciências e artes. Lisboa, 1827 (direcção e redacção)
  • Chaveco Liberal. Londres, 1829 (direcção e redacção)
  • Precursor. Londres, 1831
  • Português Constitucional. Lisboa, 1836 (direcção e redacção)
  • Entreacto, Jornal de Teatros. Lisboa, 1837 (fundação, direcção e redacção)
  • Jornal do Conservatório. Lisboa, 1841 (fundação)
  • Jornal das Belas-Artes. Lisboa, 1843 – 1846 (fundação)

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