Essa é uma das dúvidas mais frequentes entre os falantes de língua portuguesa. Em alguns casos, a ausência do sinal indicativo de crase pode passar outra mensagem. Crase vem do grego krasis, que significa fusão, contração. Poder-se-ia dizer que há crase de “e”, “i”, “p”, mas a esse tipo de “fusão” damos outra classificação.
Como se forma a Crase?
A crase em questão é a fusão de dois morfemas homógrafos: a preposição “a” e o artigo definido feminino “a”. O problema está posto quando a preposição “a” deve ou não receber o acento grave ( ` ) para indicar a crase. Abaixo temos alguns exemplos de como é formada a crase:
“Vou a a praia.” >> “Vou à praia.”
“Cheguei a a casa de meus pais.” >> “Cheguei à casa de meus pais.”
“Encaminhei a carta a a presidência.” >> “Encaminhei a carta à presidência.”
Nos três casos, o termo que vem depois da crase é feminino definido. Outra característica é que os três verbos têm o “a” como preposição base. “Quem vai, vai de algum lugar a outro”; “quem chega, chega de algum lugar a outro” e “quem encaminha, encaminha algo a alguém”.
Essa preposição pode ser unida aos artigos definidos (o/a/os/as) e aos pronomes demonstrativos aquele/aquela/aqueles/aquelas/aquilo. Quando temos um pronome demonstrativo, a coisa começa a ficar um pouquinho complicada. Pronomes “aquele/aquela/aqueles/aquelas/aquilo” não se separam da preposição, e o acento grave recai sobre o primeiro “a” sem escrever a preposição.
“Darei o livro àquele que responder corretamente.”
TEM QUE TER:
- Quando se dá indicação precisa das horas.
“Às dez horas chegaremos.”
- Nas expressões do tipo “à moda de” e “à maneira de”, mesmo que estejam implícitas.
“Pinta à (moda de) Da Vinci.”
- Advérbios femininos de tempo, de modo, de lugar…
“Chegaram à noite.” (expressão adverbial feminina de tempo)
“Caminhava às pressas.” (expressão adverbial feminina de modo)
“Ando à procura de meus livros.” (aqui, ando tem sentido de costumo, expressão adverbial feminina de fim; se tiver sentido de andar não há crase)
NÃO PODE TER:
Com palavras masculinas, NÃO! A preposição “a” se combina com o artigo definido masculino (singular ou plural), mas não com o indefinido.
“Vou ao aeroporto.”
“Cheguei ao meu limite.”
“Encaminhei a carta a todos.”
“Viajou a um lugar desconhecido.”
CASOS FACULTATIVOS:
- Com a preposição “até”, podemos ter ou não a marcação da crase por conta do “até”.
“Vou até a barreira.”(preposição “até” + artigo “a”) ou “Vou até à barreira.” (locução prepositiva “até a” + artigo “a”)
- Nomes próprios e pronomes possessivos femininos também têm uso facultativo.
“Indaguei à Joana.” (preposição + artigo) ou “Indaguei a Joana.” (preposição sem artigo)
“Falei à sua mãe do problema.” (preposição + artigo) ou “Falei a sua mãe do problema.” (preposição sem artigo)
Observação!
Note-se que a expressão à la carte é francesa e o à equivale à nossa preposição “a”, logo isso não é crase.
A palavra “casa”, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não vier determinada por um adjunto adnominal não aceita o artigo, portanto não ocorre crase. Por outro lado, se vier determinada por um adjunto adnominal, aceita o artigo e ocorre a crase. A palavra terra, no sentido de chão firme, no sentido de oposição a mar ou ar, não sendo determinada, não aceita o artigo. Mas se for determinada, aceita o artigo e ocorre crase.
“Volte a casa cedo.” (preposição sem artigo) x “Volte à casa dos seus pais.” (preposição + artigo)
“Já chegaram a terra.” (preposição sem artigo) x “Já chegaram à terra dos antepassados.” (preposição + artigo)
2 comentários em “Crase: Como entender de uma vez por todas!”