Você já tentou ficar um dia inteiro sem dizer uma metáfora? Obviamente não conseguiu. Muitas coisas só poder ditas metaforicamente. A mesclagem conceptual é estudada pela linguística cognitiva. Veremos que a metáfora é um recurso muito importante para a comunicação.
O que é Metáfora?
Por definição, o recurso linguístico que consiste em fazer uma analogia entre os significados de duas palavras ou expressões, empregando uma pela outra. Mas como isso ocorre? Geralmente atribuímos o significado de uma entidade a outra totalmente diferente.
Repare no ente “Cachorro”, quais as suas principais características?
– Animal;
– Quadrúpede;
– Mamífero;
– Doméstico;
etc…
Uma criança aprende significado de “cachorro” muito antes de aprender o significado de “animal”, “quadrúpede”, e assim por diante. Logo, teríamos que ter uma enciclopédia em nossa cabeça para sabermos o que é um cachorro, porque teríamos que saber o que significa cada atributo do mesmo. Coisa impossível!
Pense na seguinte situação, o marido chega às 03:30 bêbado, sujo e todo marcado de batom vermelho. A esposa, vendo a cena, diz: “bonito, seu cachorro!”; o marido responde: “ô minha flor…”. Outra cena, duas amigas conversando sobre o trabalho e, ao falar do seu chefe, uma delas diz que ele é um anjo.
Esse tipo de comparação é tratada por alguns linguistas como uma mesclagem conceptual.
Mesclagem Conceptual
Retomando os exemplos de cachorro e anjo, por que fazemos essas associações? Cachorros existem, mas não têm muito a ver com um ser humano. Anjos (aparentemente) não existem, logo não seria possível fazer comparações com algo que não existe.
A teoria dos Espaços Mentais trabalha, resumidamente, com um processo de construção de significado baseado no “mapeamento” (mapping – considerando uma operação que associe cada elemento de um determinado conjunto/domínio a um ou mais elementos de um segundo conjunto/intervalo).
Grosso modo, há uma série de características pertinentes ao input1 (palavra 1) que são confrontadas com outra série de características pertinentes a um input2 (palavra 2). Há um mapeamento, uma seleção, de alguns atributos do input1 e do input2. Esses atributos são selecionados a partir de motivações específicas e arbitrárias. A partir dessa mesclagem, o output tem a forma de um com algumas atribuições de outro.
O marido não tem quatro patas, uma cauda e fala “au-au”, muito menos o chefe daquela moça tem asas e cabelo cacheado. Apenas foram selecionados alguns atributos para descrever aquelas pessoas.
Esse assunto é muito extenso e complicado. Mesclagem não é fácil, de verdade… Mas voltaremos a tratar do assunto em breve.
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