Não sei exatamente quando você está lendo este artigo, mas o Brasil, assim como o resto do mundo, está passando por uma pandemia causada por um coronavirus, o SarsCoV-2. Por esse motivo, as autoridades estão pedindo para que a circulação de pessoas seja a menor possível. Você reparou que tem muita gente pedindo “Fique em casa!” e outros pedem “Fica em casa!”? Qual é o correto?
Qual é o tempo/modo verbal?
Diferente da palavra “menas”, as palavras “Fique” e “Fica” estão no Português e fazem parte da conjugação do verbo “Ficar”, porém cada uma dessas formas tem um contexto específico, por isso um tempo verbal diferente na verdade. Não só pertencem a tempos verbais diferentes, elas também pertencem a modos completamente diferentes.
A forma “Fique” pertence ao modo Subjuntivo, ou Conjuntivo, no tempo Presente e pode caracterizar a primeira e a terceira pessoa do singular: que eu fique, que ele/ela fique; essa forma também está presente no modo Imperativo na terceira pessoa do singular: Fique ele. A forma “Fica” pertence o modo Indicativo na terceira pessoa do singular: Ele/Ela fica, mas também pode ser empregada na segunda pessoa do singular do modo Imperativo: Fica tu.
Sabendo que um falante proficiente de língua portuguesa entende que “Fica em casa” é uma ordem e não a constatação de que “alguém fica em casa”, podemos, então, supor que as formas “Fica” e “Fique” são aquelas que pertencem ao modo Imperativo, ou seja, são formas que expressam uma ordem. Pode-se descartar de imediato que “Fique” se trate de Presente do Subjuntivo, uma vez que falantes brasileiros, especialmente, utilizam com maior frequência a terceira pessoa do singular do Imperativo, mesmo quando falando diretamente com um interlocutor.
O certo é “Fica em casa”?
Sim. Formalmente deveríamos utilizar a segunda pessoa do singular no imperativo para dar a ordem diretamente à pessoa, dessa maneira, o correto, gramaticalmente, é “Fica em casa!”; entretanto, a fala coloquial frequentemente utiliza a forma da terceira pessoa do singular como se fosse para a segunda pessoa do singular. Esse uso não é exclusivo desse verbo, uma vez que, coloquialmente no Brasil, frequentemente dizemos: “Coma tudo!”; “Beba tudinho…”; “Faça isso para mim, por favor” etc.
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