clipagem

Clipagem de palavras

A pesar do nome estranho, o processo de clipagem, do inglês clipping, é muito produtivo na Língua Portuguesa, quando tratamos dos compostos neoclássicos. Sua formação é oriunda de palavras com radicais clássicos. Na fala menos planejada, há redução do tamanho das palavras por motivos diversos. O tamanho da palavra e dificuldades fonéticas podem favorecer a clipagem.

O que é clipagem?

O processo de clipagem/clipping também conhecido como truncamento ou redução de palavras. Consiste na eliminação de uma parte da palavra para formar um novo termo. Embora seja mais comum na primeira posição, a clipagem também pode ocorrer na segunda posição.

Como identificar a clipagem/clipping?

Enquanto a formação completa de palavras com radicais clássicos é comum na linguagem escrita, na fala coloquial há redução por motivos diversos, como tamanho da palavra e dificuldades fonéticas. O clipping ocorre quando o ouvinte “subentender” a palavra completa mediante um pedaço da mesma.

Ao dizer “eletro”, no contexto adequado, o interlocutor tem acesso imediato a um tipo de exame. O contexto pode resolver a ambiguidade “eletrocardiograma” e “eletroencefalograma”, mas esse dificilmente acessará eletrochoque se não for uma situação mais técnica.

clipagem

As formas resultantes podem ser recompostas, permitindo não só a adição de morfemas, mas também a relação com formas livres como se fossem prefixos. O prefixo “tele-“, por exemplo, pode gerar as seguintes palavras: (1) “televisão”, (2) “telefone”, (3) “telenovela” e (4) “teleatendimento”. No entanto, na frase “soubemos disso na tele”, seria impossível entender (2) e (4), pouco provável (3), mas mais provável (1).

Embora seja uma prática muito comum na linguagem cotidiana, é preciso tomar cuidado para não utilizar termos que possam gerar ambiguidade ou que não sejam amplamente reconhecidos pelo público em geral. Além disso, é importante lembrar que a clipagem não é exclusiva da língua portuguesa e pode ocorrer em outras línguas, inclusive no inglês, onde é conhecida como “clipping”.

Dirk Geeraerts engloba a clipagem entre os mecanismos onomasiológicos. Esses mecanismos remetem a um conceito expresso por um item lexical novo ou alternativo. Além do clipping, também fazem parte desses mecanismos onomasiológicos a mesclagem e o empréstimo, processos tratados como diferentes pelo autor.

Conclusão

Em suma, a clipagem é um recurso importante para dinâmica da conversação, permitindo a criação de termos mais curtos e práticos. É fundamental esse recurso com cautela. Considere o contexto, evitando possíveis ambiguidades ou dificuldades de compreensão.

Referência

OLIVEIRA, Ana Flávia Souto. Resenha de “Theories of Lexical Semantics”, de Dirk Geeraerts. ReVEL, v. 9, n.
17, 2011. [www.revel.inf.br]. Disponível em: Microsoft Word – revel_17_resenha_theories_of_lexical_semantics.doc

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