Muito provavelmente você já ouviu falar da Semana de Arte Moderna, ou Semana de 22, realizada na cidade de São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade. Nomes bastante citados nas aulas de Literatura são Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira. Esses autores, entre outros artistas, derem início a um movimento de reformulação da identidade artística brasileira.
A realidade brasileira do século XX já não estava tão bem representada pelos estilos literários do século anterior, Romantismo, Realismo e Parnasianismo. Veremos a seguir como se desenrolou toda essa história.
Imagine uma semana dedicada à celebração da cultura dando destaque para as cinco maiores manifestações do fazer poético no início do século XX. Cada dia da semana seria marcado pela expressão de cada uma dessas expressões artísticas: pintura, escultura, poesia, literatura e música. Esse evento marca indubitavelmente o início do Modernismo no Brasil.
A Semana de Arte Moderna trouxe luz a uma nova forma de produzir, analisar e apreciar a Arte. O uso da linguagem buscava a primazia da experimentação, estimulando a ruptura com o passado. A proposta era ser um movimento de vanguarda (movimento, geralmente artístico, que propõe ideias inovadoras).
Ao falar da Semana de 22, cinco nomes são sempre lembrados: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, este último nem tanto. Eles ficaram conhecidos como O Grupo dos Cinco, entretanto, não foram os únicos artistas que fizeram parte daquela memorável semana.
Pré-modernismo
Na prática, os artistas que participaram da Semana de 22 não se consideravam modernistas, mas futuristas. Muitos escultores e poetas foram inspirados no Futurismo italiano, movimento que chegou ao Brasil em dezembro de 1909, mas não fez tanto alarde. Assim sendo, eles estavam vivendo tempos modernos.
Uma relação que sempre fiz quando adolescente era entre o movimento modernista e o filme Tempos Modernos, esse é um filme de 1936 de Charles Chaplin. Esse clássico do cinema mundial não poderia de maneira alguma ter influenciado o movimento artístico no Brasil.
Intencional ou não, a Semana de 22 ocorreu no mesmo ano que o Brasil completaria 100 anos de independência de Portugal. Ainda estávamos no que chamamos de República Velha (1889-1930). Foi período da política brasileira marcado pelo controle das elites de fazendeiros de café e produtores de leite e gado de corte.
Semana de Arte Moderna – Artes Plásticas e Escultura
Anita Malfatti e Tarsila do Amaral são as mais famosas artistas no campo da escultura e da pintura quando falamos de Modernismo.
Na Pintura e Desenho estão: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro, Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), Yan de Almeida Prado, John Graz, Alberto Martins Ribeiro e Oswaldo Goeldi.
Carimbando a presença da Escultura: Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg. Apresentando projetos de Arquitetura, os grandes arquitetos Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel. Moya apresentou 18 projetos, ao passo que Przyrembel apresentou dois projetos em estilo neocolonial.
Semana de Arte Moderna – Música
A expressão musical ficou muito bem representada por grandes personalidades dos anos 20: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novais, Hernani da Costa Braga e Fructuoso de Lima Vianna.
Semana de Arte Moderna – Literatura e Poesia
Esse grupo é o mais famoso nas aulas nas escolas. Assim como os demais artistas citados, no campo da literatura, os escritores que fizeram parte da Semana de 22 são grandes expoentes da literatura modernista.
Os escritores eram Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira, Renato de Almeida, Ribeiro Couto e Guilherme de Almeida.
Problemas
Como nem tudo são flores, todo movimento que propõe novas abordagens artísticas sofre críticas, a Semana de 22 não foi uma exceção. Além das críticas de Monteiro Lobato, havia a necessidade de financiamento para a Semana de Arte Moderna. A elite de São Paulo financiou o evento, que não durou efetivamente uma semana, mas apenas três dias: segunda (13), quarta (15)e sexta (17) de fevereiro.
Referências:
Moderna? Conheça a elite conservadora por trás da Semana de Arte de 22
‘Playboys intelectuais de 1922’ lideraram atualização das artes negociada com elites