Já tratamos do processo de Prefixação, mostrando como esse processo derivacional é importante e enriquece o léxico português. Olhando para a ponta esquerda da base lexical, temos os prefixos, na outra ponta da palavra, temos os Sufixos. Neste artigo trataremos dos processos que envolvem a Sufixação e algumas implicações.
O que são Sufixos?
Por definição, os afixos que se juntam ao final de uma palavra são os elementos que chamamos de sufixos. Como efeito dessa adição, há a criação de palavras derivadas (p.ex.: ferreiro; livraria; somente) ou flexionadas (p.ex.: ferreiros; livrarias; caíram). O processo de formação de palavras na outra ponta da base é a prefixação.
Vejamos a seguir os dois tipos básicos de sufixos: derivacionais e flexionais. A ocorrência de um tipo não impede que o outro ocorra na mesma palavra, isto é, não há nada que impeça a presença de um sufixo derivacional e um flexional na mesma palavra.
Sufixo derivacional
Aquele que entra na formação de palavras por derivação, isso que dizer que o significado da nova palavra tem a ver com o anterior, por exemplo:
- ÁRIO, EIRO, A : boticário (dono ou gerente de botica), campanário (abertura na torre de igrejas onde ficam os sinos); barbeiro (aquele que faz a barba), cajueiro (pé de caju), galinheiro (local onde se guardam as galinhas), toureiro (quem luta com touros), etc.
- DADE : bondade (relacionado a “bom/boa”), homossexualidade (relacionado a “homossexual”), castidade (relacionado a “casto(a)”), cristandade (relacionado a “cristão”), crueldade (relacionado a “cruel”), dignidade (relacionado a “digno”), divindade (relacionado a “divino”).
- ISMO: aforismo (tipo de frase curta), cataclismo (tipo de desastre), catolicismo (tipo de religião), comunismo e capitalismo (tipos de modo de produção).
- ISTA: catequista (aquele que promove a catequese), evangelista (aquele que propaga o evangelho), modernista (aquele que valoriza as coisas modernas), nortista (aquele que vem do Norte), socialista (aquele que segue o socialismo).
- ITA: eremita, jesuíta, ismaelita, selenita.
- ITE: bronquite (inflamação dos brônquios), colite (inflamação do cólon), rinite (inflamação da mucosa nasal); dinamite (material explosivo).
Sufixo flexional
É aquela terminação que informa as noções gramaticais de gênero, número e grau. Podem ser catalogados como nominais ou verbais:
Gênero: Masculino – O (ou a ausência de marcação); Feminino – A;
Número: Singular (geralmente sem marcação) e Plural – “-s”
Grau: Diminutivo – “-inho(a)”, “-ejo”, “-ote” etc.; Aumentativo – “-ão”, “-ona”; “-aço” etc..
Modo-temporal: pretérito imperfeito do indicativo (-va-); futuro do presente do indicativo (-re-); pretérito imperfeito do conjuntivo/subjuntivo (-ásse-) etc.
Número-pessoal: 1ª pes. plural (-mos), 3ª pes. plural (-rão, -riam, -rem)
Vimos, então, que os sufixos são vazios de significação, não agregam novas informações às palavras primitivas. Têm como principal característica a possibilidade de formar séries de palavras da mesma classe gramatical, evidenciadas pelas terminações.
Assim, por exemplo, o único papel do sufixo “-ez” é criar substantivos abstratos, tirados de adjetivos: altivo — altivez; estúpido — estupidez; malvado — malvadez; surdo — surdez, etc.
Questões importantes sobre os sufixos
De certa maneira, há sufixos especiais que dão informações específicas sobre Tempo, Modo, Número e Pessoa gramatical. Também chamados de Desinências, esses tipos de morfemas apresentam duas informações específicas: Sufixo Modo-Temporal (SMT) e Sufixo Número-Pessoal (SNP). Esses sufixos verbais merecem tratamento diferenciado e serão abordados em outro artigo.
Lemle (2002) estudou os sufixos -ejar, -ear, -izar, -ecer, -fazer e -ficar. Note-se que são sufixos alocados entre a raiz e as desinências verbais. A autora trata particularmente de cada um, discutindo: quais deles podem ser considerados verbalizadores; quais os critérios de seleção semântica restringem a combinação entre raízes e sufixos; qual seria o princípio de conexão entre a semântica e se a sintaxe interfere na (in)transitividade do verbo derivado.
Lemle (2002, p. 322) conclui da seguinte maneira:
Morfemas categorizadores de verbo são -ece, -iza e zero.
Resgatar em Hale e Keyser a preposição nula parece útil para entender propriedades de regência, propriedades aspectuais e propriedades das seleções de novos morfemas categoriais.
Aspecto não é um morfema, mas um resultado interpretativo.
Operações semânticas como mudança de tipo operam na derivação on-line e têm efeito no prosseguimento da computação. Os domínios que restringem essas operações é uma questão que deverá ser aprofundada. Nominalizadores são sensíveis a aspecto quando este é sintaticamente expresso, ainda que apenas como resultado da computação semântica.
Fontes:
LEMLE, Miriam. SUFIXOS EM VERBOS: ONDE ESTÃO E O QUE FAZEM. Revista Letras, [S.l.], v. 58, dez. 2002. ISSN 2236-0999. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/18362. Acesso em: 02 maio 2019. doi:http://dx.doi.org/10.5380/rel.v58i0.18362.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. 1915-1991 Gramática normativa da língua portuguesa / Rocha Lima. 49.ed. – 49.ed. – Rio de Janeiro: José Olympio, 2011. pp. 259-265.
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